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Agosto Dourado: por que o aleitamento materno é uma responsabilidade compartilhada

08/08/2022
Aleitamento maternoAgosto DouradoSaúde da criançaBancos de leite humanoPolíticas públicas

O Agosto Dourado celebra o alimento de “padrão-ouro” recomendado para todos os bebês: o leite materno. A cor dourada simboliza qualidade, valor e proteção — atributos associados à amamentação na saúde individual, familiar e coletiva. A campanha se ancora na Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM), estabelecida em 1992 pela OMS e Unicef, realizada anualmente de 1º a 7 de agosto em mais de 120 países, com o tema: “Proteja a amamentação: uma responsabilidade compartilhada.”

Responsabilidade compartilhada significa envolver família, serviços de saúde, comunidade, empresas e poder público. Amamentar é ato biológico e social; o sucesso depende de suporte estruturado — não de heroísmo individual.


Por que o leite materno é chamado de “alimento de ouro”

Para o bebê

  • Nutrição completa nos primeiros meses, com macro e micronutrientes em proporções ideais.
  • Imunoproteção ativa (anticorpos, células imunes e fatores bioativos) que reduz infecções.
  • Desenvolvimento cognitivo associado a melhores desfechos escolares no longo prazo.
  • Microbiota saudável e menor risco de alergias, obesidade e diabetes ao longo da vida.

Para a mãe

  • Recuperação pós-parto mais rápida, com contração uterina e menor sangramento.
  • Redução de risco de câncer de mama e ovário e possível proteção contra DM2.
  • Vínculo afetivo fortalecido e menor probabilidade de depressão pós-parto quando há apoio.

Para a sociedade

  • Menos internações e custos em saúde, maior produtividade futura e impacto econômico positivo.

Números que pedem ação

  • Amamentação exclusiva até 6 meses é a recomendação global; a partir daí, manter o aleitamento até 2 anos ou mais, com alimentos complementares adequados.
  • No Brasil, dados recentes indicam que menos da metade das crianças < 6 meses recebe amamentação exclusiva. A continuidade aos 12 meses gira em torno de ~53%.
  • Estudos mostram que amamentar salva vidas: níveis ideais de aleitamento previnem centenas de milhares de mortes infantis por ano no mundo e reduzem óbitos maternos por câncer de mama.

Tradução prática: amamentar é política de saúde pública com alto retorno social.


As 5 maiores dificuldades na amamentação — e como resolvê-las na prática

Dica-chave: a maioria dos problemas tem solução rápida com ajuste de pega/posição e apoio oportuno.

  1. Pega e posicionamento inadequados
    Sinais: dor, fissuras, bebê “escorregando”, mamada longa sem saciedade.
    Soluções:
  • Boca bem aberta, mais aréola visível acima do que abaixo; queixo encostado no seio.
  • Alinhamento orelha–ombro–quadril do bebê; corpo de frente para a mãe, sem torções.
  • Tente posições variadas (tradicional, cavaleiro, invertida, deitada) e contato pele a pele.
  1. Ingurgitamento, ducto obstruído e mastite
    Sinais: mama dura/dolorida, áreas nodulares, vermelhidão, febre em mastite.
    Soluções:
  • Esvaziamento frequente, massagens suaves da base em direção ao mamilo.
  • Compressas mornas antes e frias após as mamadas; analgésicos conforme orientação.
  • Procure profissional de saúde se houver febre/piora (pode requerer antibiótico).
  1. Percepção de “leite fraco” ou baixa produção
    Fato: “leite fraco” não existe; toda produção é nutritiva.
    Soluções:
  • Livre demanda (dia e noite), evitar bicos e horários rígidos no início.
  • Hidratação, descanso e manejo do estresse; técnica de compressão mamária.
  • Avaliar freio de língua e pega; quando indicado, relactação com apoio especializado.
  1. Dor e fissuras mamilares
    Causa comum: pega rasa.
    Soluções:
  • Corrigir pega/posição; variar posturas; passar o próprio leite e expor ao ar.
  • Verificar candidíase se dor persistir/queimação; tratar mãe e bebê quando necessário.
  1. Retorno ao trabalho
    Desafio: manter a oferta quando longe do bebê.
    Soluções:
  • Treinar extração e armazenamento (frasco limpo/tampado; geladeira 12–24h; freezer por mais tempo conforme protocolo local).
  • Utilizar bombeamento por horário próximo ao das mamadas.
  • Reivindicar licenças, pausas de lactação e salas de apoio previstas em lei e negociar rotinas com a gestão.

Responsabilidade compartilhada: quem faz o quê

Família e rede social

  • Acolher sem julgamento, dividir tarefas domésticas e garantir tempo de descanso para a mãe.
  • Proteger contra pressões para introdução precoce de fórmulas sem indicação técnica.

Profissionais e serviços de saúde

  • Pré-natal: educação prática sobre pega/posição, plano de amamentação e sinais de alerta.
  • Maternidade: contato pele a pele precoce, alojamento conjunto e começo da amamentação na 1ª hora.
  • Atenção básica: seguimento ativo, manejo das intercorrências e apoio à volta ao trabalho.

Políticas públicas e empresas

  • Licenças e pausas remuneradas, ambientes de trabalho com salas de apoio e refrigeradores.
  • Campanhas permanentes, fortalecimento de bancos de leite humano e triagem domiciliar.
  • Regulação da comercialização de substitutos do leite materno para evitar marketing indevido.

Bancos de leite humano: apoio gratuito e universal

Os bancos de leite humano oferecem acolhimento, orientação, manejo de dificuldades e, quando indicado, doação/recebimento de leite pasteurizado. O acesso é gratuito e universal; informe-se na rede local para teleatendimento e visitas quando disponíveis.


Amamentação em contextos especiais (inclui pandemia)

  • Infecções respiratórias (ex.: Covid-19): recomenda-se manter o aleitamento, com higiene de mãos e máscara quando indicado. Benefícios superam riscos; decisões individuais devem ser orientadas por profissionais.
  • Uso de medicamentos: verifique compatibilidade com lactação em fontes confiáveis e com o seu médico.
  • Prematuridade, gêmeos e condições clínicas: exigem planos personalizados — o apoio especializado faz diferença.

Aviso importante: este conteúdo é informativo e não substitui avaliação individual por profissionais de saúde.


Checklist rápido para mães e cuidadores

  • Livre demanda e pega profunda.
  • Contato pele a pele e ambiente calmo.
  • Procure ajuda nos primeiros sinais de dor/dificuldade.
  • Planeje o retorno ao trabalho (extração/armazenamento).
  • Acesse o banco de leite humano mais próximo quando precisar.

Perguntas frequentes (FAQ)

Amamentação exclusiva significa o quê?
Apenas leite materno (direto do peito ou extraído), sem água, chás ou sucos, até os 6 meses.

Até quando devo amamentar?
Recomenda-se manter até 2 anos ou mais, com alimentos complementares a partir dos 6 meses — a família decide, com orientação técnica e respeito ao contexto.

Meu leite é fraco?
Não. Leite fraco não existe. Se houver sinais de baixa transferência (pouco ganho de peso, mamadas intermináveis), ajuste pega/posição e busque apoio profissional.

Fórmula é necessária?
Pode ser indicada por médico/nutricionista em situações específicas. Quando possível, trabalha-se para retomar a exclusividade do aleitamento.


Conclusão

O Agosto Dourado é um convite a transformar convicção em infraestrutura de apoio. Amamentar dá certo quando a mãe não está sozinha. Fortaleça sua rede: família presente, profissionais acessíveis, políticas que funcionam e bancos de leite atuantes.

Precisa de ajuda agora? Procure a unidade de saúde mais próxima ou o banco de leite humano da sua região para orientação imediata.

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