Passeio agendado, passagem comprada, férias chegando e o clima de final de ano já próximo. Nesse cenário, muitos pais já organizam suas viagens com os filhos, para aproveitar momentos em família e descansar do trabalho e estudos. Devido ao cenário atual da pandemia, com queda de óbitos e internações, e o avanço da vacinação no país, muitas famílias que antes ainda estavam em casa agora já planejam uma viagem. Segundo uma pesquisa divulgada no segundo semestre de 2021 do Boston Consulting Group (BCG), que ouviu 1,5 mil brasileiros, 70% deles manifestaram a intenção de viajar na primeira oportunidade possível.
Entretanto, mesmo com a conjuntura bem mais favorável, é importante lembrar que as crianças abaixo dos 12 anos ainda não estão vacinadas no país. A Canguru News ouviu dois infectologistas, que esclareceram questões sobre o atual quadro da pandemia no país e enfatizaram alguns cuidados ainda fundamentais para garantir uma viagem com mais tranquilidade.
Diminuição da circulação do vírus traz cenário mais seguro
Segundo a médica infectologista Claudia Figueiredo Mello, mesmo sem a vacinação das crianças abaixo dos 12 anos, a porcentagem de adultos vacinados no país já traz uma maior segurança e diminui a chance de infecção dos pequenos pelo vírus. “Com a vacinação da população adulta, agora incluindo os adolescentes, há um aumento no número de pessoas que não são suscetíveis ao vírus e, por conseguinte, uma diminuição da circulação dele. Então a proteção acaba sendo uma proteção da população por completo, entre os que tomaram e os que não tomaram, que também se beneficiam. Como há um menor número de suscetíveis, tem menos pessoas através das quais o vírus pode circular, e isso diminui o risco de você, mesmo sem vacina, adquirir a infecção pelo vírus.”
De acordo com dados mais recentes do panorama da vacinação no país, quase 59% estão com a imunização completa contra a covid-19, ou seja, tomaram as duas doses ou a vacina de dose única. Com a primeira dose, já são aproximadamente 76%.
André Ricardo Araújo da Silva, infectologista pediátrico do Grupo Prontobaby, também ressalta a vacinação dos adultos como um elemento positivo para a segurança dos não vacinados. Além disso, crianças acima de 12 anos já foram incluídas no calendário vacinal da covid-19, o que representa inclusive um número de crianças também já com a imunização em andamento no país. “Com a vacina contemplando os maiores de 12 anos, a gente já tem também uma fração considerável de crianças que, além de serem poupadas, têm a proteção dada pelo imunizante.”
Nesse cenário, a realização de viagens e passeios de férias já se torna mais segura do que antes da vacinação, mesmo para as crianças. “100% seguro nunca é, há sempre um risco. O avião, por exemplo, é um dos lugares considerados de risco, por ser fechado, tem uma circulação de ar limitada e, dependendo da idade, nem pode usar máscara. Então é sim uma situação de risco, mas cada família precisa ponderar quais riscos estão dispostos a correr. De uma maneira geral, eu acredito que é um risco bem aceitável para a maior parte das famílias.”
Claudia Mello lembra que em países que enfrentam um novo surto de casos após a reabertura e flexibilização de medidas de prevenção, o aumento no número de infectados ocorre em locais em que a porcentagem de vacinados da população adulta não conseguiu alcançar níveis tão altos. “O que estamos vendo na Europa, a quarta onda, está sendo muito mais importante nos países que não tem uma faixa da população vacinada tão alta. Os países que têm uma parcela maior de vacinados não estão sofrendo tanto com essa quarta onda”.
Máscara em locais abertos: é preciso manter o uso?
Em locais como Rio de Janeiro e Distrito Federal, o uso de máscaras já não é mais obrigatório em locais ao ar livre, apenas em ambientes fechados. Em São Paulo, o uso em lugares abertos ainda é obrigatório, mas a discussão sobre flexibilização promete ser retomada no início de dezembro.