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Fabricantes de Tissue projetam recuperação após cenário desafiador

27/10/2022
IndústriaPapel TissueInovaçãoMercadoHigiene

Desafios recentes do setor de Tissue

Os fabricantes e convertedores de papel Tissue enfrentaram fortes pressões nos últimos dois anos. Após um boom de consumo durante a pandemia, o setor lidou com:

  • Altas sucessivas nos preços dos insumos, especialmente da celulose.
  • Estoques limitados de fibra.
  • Crise econômica e inflação global.
  • Impactos de fatores externos como a guerra entre Ucrânia e Rússia e lockdowns na China.

No Brasil, a situação foi ainda mais sensível. O IPCA subiu 12,53% durante a pandemia, e o papel higiênico foi o item de higiene que mais encareceu, segundo o IBPT: o rolo, que custava em média R$ 1,18, passou para R$ 2,38 (+101,69%).

Apesar das dificuldades, dados do Euromonitor mostram que o consumo de Tissue cresceu 9% no auge da pandemia. Hoje, a produção se normaliza, mas os altos custos das commodities — químicos, energia, petróleo, plásticos e celulose — ainda pressionam margens. Só a celulose subiu mais de 40% nos seis primeiros meses de 2022.

Perspectivas de recuperação

Para o segundo semestre de 2022, especialistas projetaram uma recuperação gradual. A pesquisa Omnichannel da Kantar apontou crescimento de 6,5% no consumo em valor pelos brasileiros, sinalizando melhora no poder de compra.

De acordo com a Abihpec, as vendas ex-factory do segmento cresceram 21% no primeiro trimestre de 2022, impulsionadas pela categoria de papel higiênico.


Suzano: aposta em diversificação e portfólio

A Suzano, maior produtora global de celulose de fibra curta e atuante no mercado de Tissue por meio das marcas Mimmo e Max Pure, sofreu com margens comprimidas pela inflação global.

Segundo Marcos Paulo Lupianhes, diretor comercial de bens de consumo:

  • O mercado de Tissue cresceu apenas 1% em 2021 e cerca de 2% em 2022, ritmo próximo ao PIB.
  • Os insumos da indústria tiveram aumento superior a 50% entre 2020 e 2022, muitos deles dobrando de custo.
  • A inflação impacta principalmente as classes C, D e E, mas novos hábitos de higiene pós-pandemia compensam parte da retração.

Para enfrentar o cenário, a Suzano apostou em:

  • Aumento de preços para recompor margens.
  • Diversificação de canais, com o lançamento da fábrica em Cachoeiro do Itapemirim (ES), capaz de produzir 400 mil fardos mensais.
  • Expansão de portfólio com o Mimmo (folha dupla e tripla) e o Max Pure (folha dupla, voltado ao atacarejo).

A estratégia é migrar consumidores de produtos simples para premium, beneficiando indústria, varejo e consumidor — um verdadeiro “ganha-ganha-ganha”.


Santher: inovação e foco no consumidor

A Santher, controlada pelas japonesas Daio e Marubeni e líder de mercado com a marca Personal, também enfrentou forte pressão de custos.

Segundo Amilcar Molinari Gonçalves, diretor comercial:

  • O preço da celulose subiu mais de 100% desde 2020.
  • O dólar valorizado (R$ 3,80 para R$ 5,40) aumentou os custos de produção.
  • O consumo recuou em 2021, após o boom de 2020.

Apesar disso, a empresa aposta no longo prazo com foco em inovação e percepção de custo-benefício. Exemplos incluem:

  • Conversão de consumo de folha simples para folha dupla (hoje já é 60%).
  • Lançamento do Personal folha tripla, com boa receptividade inicial.
  • Estratégia de promocionais e SKU’s acessíveis para atrair o consumidor sem abrir mão da qualidade.

Molinari reforça que o setor vive um momento de margens sacrificadas, mas que a recuperação virá por meio de inovação, maior valor agregado e alinhamento com o varejo.


Conexão com a cadeia de valor

A resiliência das fabricantes de Tissue está diretamente ligada à cadeia de celulose. Assim como discutido em Papéis Tissue: Inovações Tecnológicas e o Valor da Celulose de Eucalipto, o setor precisa inovar constantemente para equilibrar custo, qualidade e sustentabilidade.


Conclusão

Apesar dos últimos dois anos terem sido de alta volatilidade e margens reduzidas, tanto Suzano quanto Santher mostram que a indústria de Tissue no Brasil aposta em diversificação, inovação e produtos de maior valor agregado como caminho para a recuperação.

O futuro do setor dependerá de sua capacidade de responder às mudanças no consumo, absorver pressões de custo e diferenciar seus produtos, sempre com foco no equilíbrio entre qualidade e acessibilidade.

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