

Quem nunca usou um “pelo encravado” como motivo para não ir à academia? Pois é, muitas vezes nosso cérebro luta contra a prática de atividade física e qualquer dorzinha no corpo serve de desculpa para ficar no sofá.
Porém, há desconfortos que realmente não devem ser ignorados e, quando surgem, o mais indicado é não treinar ou pelo menos tomar certos cuidados, para que o exercício não agrave o problema e coloque a saúde em risco. A seguir, mostramos condições em que é importante você respeitar seu corpo e deixar de ser exercitar, além de outras em que você até pode ir para academia, mas respeite o corpo.
Febre: não vá treinar
A febre é um sinal de que seu corpo está lutando para combater algum processo inflamatório ou infeccioso (a “invasão” de um vírus ou bactéria, por exemplo).
O médico do esporte Fernando A. Soléra, coordenador do controle de doping da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), diz que nessa situação não é recomendado fazer exercícios pois a atividade física irá obrigar nosso organismo a direcionar para ao treino parte da energia que precisa usar para combater a inflamação ou infecção. Além disso, o exercício físico gera um processo inflamatório e uma redução aguda (em curto prazo) do sistema imunológico, o que também irá prejudicar a ação do organismo contra o causador da febre.
Outro problema é que, durante a atividade física, nosso corpo produz muito calor. Com febre, a temperatura já está acima do normal e o exercício vai fazer com que o organismo aqueça ainda mais. Isso pode gerar falta de força, fadiga precoce e até quadros mais graves, como desidratação severa, tontura e desmaio.
Portanto, em caso de febre, o ideal é não treinar e ficar de repouso até o problema passar.
Gripe e resfriado: pode treinar
Como você viu, não é indicado treinar com febre e esse é um sintoma que costuma aparecer no início de uma gripe. Mas, depois que a temperatura voltar ao normal e você estiver só com sintomas leves (sem fadiga excessiva, dores no corpo etc.), os especialistas dizem que não há problema em fazer exercícios com gripe — ou resfriado, que naturalmente provoca um quadro mais brando.
A prática de atividade física, inclusive, estimula a produção de substâncias que geram bem-estar e vão ajudar a minimizar desconfortos gerados pela gripe ou pelo resfriado e acelerar a recuperação da doença. Por isso, o ACSM (American College of Sports Medicine), uma das instituições mais respeitadas na área de medicina esportiva, defende que o exercício leve a moderado é benéfico quando os sintomas de resfriados ou de gripe estão leves.
Algumas advertências: o treino, como já falamos, tem de ter intensidade leve ou moderada, para não exigir energia demais do corpo e prejudicar a recuperação da doença. Além disso, é importante hidratar-se muito bem durante o exercício e ao longo do dia, já que gripes e resfriados podem favorecer um quadro de desidratação, que é acentuada no treino.
A pandemia do coronavírus também nos ensinou que, ao apresentar sintomas respiratórios (espirros, tosse, coriza), não devemos frequentar locais fechados e com muitas pessoas. Portanto, se for treinar, prefira um local ao ar livre, para não infectar os colegas da academia. E também faça um teste para certificar-se de que está mesmo com gripe ou resfriado e não com covid-19 — que exige isolamento e uma pausa nos exercícios físicos até a recuperação total.
Enxaqueca: depende do quadro
Muitas pessoas confundem esse problema com cefaleia (a “dor de cabeça comum”), mas são quadros diferentes. A enxaqueca gera uma dor moderada a forte, que pode piorar conforme a movimentação do corpo — no dia a dia ou na prática de exercícios.
Além da dor de cabeça, em momentos de crise a enxaqueca pode gerar tontura, formigamento nas mãos, nos pés e nos braços e dificuldade para se movimentar. Se ocorrem durante um treino, esses sintomas podem fazer com que você se machuque — por derrubar um peso no pé ou cair da esteira, por exemplo.
Como a enxaqueca pode durar de quatro a 72 horas — e, quando crônica, permanecer por mais de 15 dias, — cabe a você, com orientação médica, aprender a entender os sinais do corpo para saber quando ir ou não fazer exercícios. “Tenho alunos que conseguem identificar o grau do problema e analisar se naquele dia é melhor ficar em casa para aliviar o quadro ou se há condições de treinar”, orienta Marcelo Santana, profissional de educação física pós-graduado em musculação e condicionamento físico pela FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), em São Paulo.
Santana reforça que, caso você tenha passado por uma crise de enxaqueca e decida ir à academia no mesmo dia, é muito importante informar ao professor, para que ele fique atento, dê todo o suporte necessário e até adeque a rotina e a intensidade dos exercícios.
Dor na coluna: pode treinar.
Nesse caso, o exercício está liberado quando a dor não é totalmente limitante e exige repouso absoluto (algo que só um médico pode dizer).
“O treino será até benéfico, pois a prática regular de atividade física fortalece a musculatura que sustenta e estabiliza a coluna. Muitas vezes, é justamente a fraqueza nessa região que provoca dores nas costas”, explica Isadora Vieira, fisioterapeuta das academias TecFit e pós-graduada em saúde pélvica pelo Hospital das Clínicas de São Paulo.
Em caso de dor na coluna, é importante selecionar bem os exercícios que você irá realizar — com orientação de um profissional de educação física — e controlar bem o peso usado, para não gerar uma sobrecarga. Tome também cuidado ao fazer certos movimentos, como pegar um peso no chão ou colocá-lo em um aparelho.
Matéria retirada do Portal UOL VivaBem
